Hoje (31/10), Raphael Rabello estaria completando 58 anos. Embora sua partida tenha sido precoce, seu legado em matéria de violão é notável até os dias atuais. Raphael Rabello é reconhecido pela sua especialidade no violão 7 cordas, onde atuou primeiramente na sua função tradicional de acompanhamento, gravando canções com renomados artistas como: Tom Jobim, Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Caetano e outros mais. Mas Raphael não estagnou aí…ele queria mais! Foi através de experimentações que ele conseguiu elevar o Violão 7 cordas à nível de protagonismo. A partir daí, Rafael abriu um leque de possibilidades artísticas para as demais gerações violonistas posteriores à ele.
Os estudiosos do violão até costumam dizer que há dois momentos na história do violão brasileiro: Pré-Raphael Rabello e Pós Raphael Rabello. Em conversa com o Prof. Marcos Vinícius Souza Fialho (recém formado UFPI e atual prof. do Música Para Todos, Piauí) pautamos que Raphael Rabello carregava em mãos cultura plena, e isso é visível no seu legado transcendendo nos jovens do Brasil, principalmente em Teresina- PI (cidade conhecida por sua capacidade violonística, em cada esquina tem um violeiro).
O Prof. Marcos Vinícius nos concedeu como foi sua reação ao ter contato com o trabalho do violonista: ” Conheci o trabalho do Raphael Rabello no ano de 2013 através do disco Todos os Tons (1992), todas as faixas compostas por Tom Jobim. Na época quando eu parei para ouvi-lo pela primeira vez foi muito impactante, pois eu não sabia que o violão poderia fazer tudo aquilo. O seu refinamento musical e técnico foram as primeiras coisas que me chamaram atenção. A qualidade dos seus arranjos e o protagonismo do seu violão a meio a tantos instrumentos que o acompanhavam, me emocionaram. Da percussão ao piano, todos os outros instrumentos fizeram a função de enaltecer a música. De fato, o que me impressionou no Raphael, era qualidade sonora que ele conseguia tirar no seu instrumento. Depois desse meu primeiro contato, eu nunca mais parei de pesquisar sobre ele e ouvir os seus discos e ainda procurava os que ele fazia participações. Portanto, o Raphael sempre será a minha grande referência musical e como atuante do ramo artístico/educacional tomo partido em dizer que ele é referência forte para violonistas em Teresina- PI e ao redor do mundo. Mesmo com sua curta passagem pela terra, conseguiu deixar a sua marca e virou eterno pela sua magnitude e pluralidade musical”.
Raphael Rabello (1992)
Uma curiosidade da produção deste disco é que Raphael Rabello passou 10 anos pesquisando como construir os arranjos do violão para as canções de Tom Jobim sem que se perdesse a qualidade sonora/harmônica que a música popular exige. Para muitos um virtuoso, para outros, gênio! Mas acredito que não exista virtuosidade sem persistência e rotina de estudos. Cultura é atitude! E Raphael Rabello carregava cultura em mãos.
Redigido por Irla Milena