Neste domingo (09), às 14h (de Brasília), o corinthians vai a campo enfrentar o Palmeiras pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro Feminino A1 2020, sua estreia em competições na temporada. Mas, a partida reserva um outro sonhado e perseguido reencontro: o de Adriana com o futebol.
O dia era 15 de maio de 2019. Em uma tarde ensolarada no Pacaembu, um clássico da modalidade: Corinthians e Santos, pelo Campeonato Paulista. O Timão já ganhava por 1 a 0 em um jogo muito disputado, quando, aos 32 minutos do primeiro tempo, Adriana foi lançada. Com um toque magistral, a camisa 16 tirou do alcance da goleira Michelle e ampliou o marcador para o Coringão.
Aquele balançar da rede era proporcionado por uma atleta em seu auge. Batalhadora, a menina que saiu do Piauí para realizar seu sonho de jogar futebol vinha credenciada como a melhor jogadora do país no ano anterior e, menos de 24 horas depois, ouviria seu nome na convocação para a Copa do Mundo da França, até então a primeira de sua carreira.
“Quando eu levantei, já sabia que tinha acontecido alguma coisa. Me veio a cena de uma lesão parecida que tive, três anos antes. As minhas companheiras tentaram me consolar, mas eu já sabia. Dizia ‘eu conheço meu corpo. Tem alguma coisa estranha comigo’”, confessa Adriana.
A realidade e a recuperação
O diagnóstico, no dia seguinte, e cerca de duas horas após a convocação para o Mundial, confirmou as sensações de Adriana: uma lesão no ligamento do joelho esquerdo – o popular “LCA” (ligamento cruzado anterior). A atacante acredita que este seja, até hoje, o dia mais triste de sua vida no futebol. Admite ainda ter dificuldades para resgatar na memória o momento que recebeu a notícia.
“Foi muito dolorido. Eu desmoronei completamente. Comecei a chorar sem parar. Tentava entender o porquê tinha acontecido comigo de novo, não conseguia entender”, admite Adriana, emocionada.
Adriana passou por uma cirurgia para corrigir a lesão. A partir de então, começava um longo e solitário processo de recuperação, longe dos campos e de sua paixão pelo futebol. No começo, foi difícil processar a ideia. As emoções iam e vinham o tempo todo.
“A ficha não caía. Tinha vontade de desistir e voltar para casa, deixar meu sonho de lado. Eu via as notícias, as mensagens no Instagram e doía demais. Chorava e me perguntava se teria forças para aguentar tudo isso de novo”, conta Adriana.
A volta por cima
A atacante não desistiu. Reacendeu o sonho e encontrou forças na família, nas companheiras e em grandes inspirações para buscar a volta por cima. Conta que vídeos de Ronaldo Fenômeno motivaram a perseguir o retorno aos gramados. Transformou as sessões de fisioterapia como em sua Copa do Mundo particular. Sofreu, mas perseverou. E, acima de tudo, venceu.
“Eu me olho no espelho e me acho uma guerreira. Eu venci com muito esforço, muita dedicação e apoio da minha família e amigos. Eu quis e lutei muito esse momento: estar pronta para jogar futebol, voltar a fazer o que eu mais amo. Não foi fácil, mas foi feito!”, exaltou Adriana.
Relacionada para o dérbi deste domingo (09), contra o Palmeiras, no Estádio Nelo Bracalante, em Vinhedo (SP), Adriana vive a expectativa de voltar a viver a experiência e o ambiente de um jogo de futebol. Após longos nove meses afastada, já é possível sentir o gosto de estar vestida em preto e branco, com o escudo do Corinthians no peito. Para resumir sua impressionante volta por cima, não poderia escolher palavra melhor e deixar uma mensagem tão verdadeira.
“Superação, né? Por não deixar meu sonho morrer. Por acreditar em mim e na minha trajetória. E mais: por trás de uma grande atleta, existe uma grande história, que pode servir de inspiração para tantas outras pessoas”, finalizou.
Fonte: Agência Corinthians