Pelo menos seis unionenses foram encontrados trabalhando em situação análoga à escravidão em fazendas de cana de açúcar na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. De acordo com o Fantástico, programa da Rede Globo, na semana passada aconteceu a maior ação de resgate dos últimos anos. Equipes de combate ao trabalho escravo estiveram em atividade em vários lugares do país. Em Minas Gerais, auditores fiscais encontraram mais de 270 pessoas trabalhando em situação degradante. O quarto dos trabalhadores não tinha o básico para se viver. Não havia cama ou móveis — as pessoas tinham que pendurar suas roupas em pregos ou guardá-las em sacolas. Os fiscais encontraram vinte e seis infrações às normas trabalhistas.
Dentre os resgatados, 13 eram piauienses, sendo 06 de União. Um dos trabalhadores contou ao Clique União que viajaram todos juntos e que estavam há menos de um mês no local. Ainda não tinha chegado a data de receber o primeiro salário. Eles voltaram para casa com as passagens pagas e com seguro desemprego – garantidos por lei para trabalhadores resgatados em situação de escravidão. “Apesar de tudo, foi bom. Mas não iria de novo com a mesma promessa“, disse um unionense.
Conforme o divulgado pelo Fantástico, o salário pago pela empresa não era o prometido a eles quando foram recrutados nos estados da Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí e Pernambuco. No entanto, essa foi apenas uma das 26 infrações trabalhistas registradas pelo MPT durante a operação.
“Prometeram R$ 3 mil de salário e acabamos recebendo R$ 1.100, no máximo R$ 1.200”, disse Cássio Jesus de Souza.
Em outro alojamento fiscalizado pelo MPT, o Fantástico também flagrou condições degradantes. Na casa, os cômodos não tinham o básico para os trabalhadores.
Não havia geladeira ou móveis para que os moradores pudessem guardar os pertences pessoais. Muitos dormiam em colchões no chão, lugar onde também ficavam as panelas ao lado dos instrumentos de trabalho.
“Aqui nós chegamos a ficar em até 27 pessoas. Alguns dormiam na área do fundo porque não cabia lá dentro”, afirmou um dos moradores da casa, Eugênio Ferreira dos Santos.
A água que os moradores bebiam e levavam para o trabalho era retirada de uma torneira nos fundos da casa. Não havia nenhum tipo de filtragem e o líquido era turvo.
“Como que o cara vai embora sem recursos? Se a gente tivesse o dinheiro já tinha ido faz tempo”, explicou Eugênio.
Nas fazendas, os auditores-fiscais do Ministério Público do Trabalho encontraram outras irregularidades. Não havia espaço adequado para que eles pudessem realizar as refeições, que eram feitas no chão.
A água era pouca e a mesma turva que os trabalhadores levavam dos alojamentos. O líquido sempre armazenado em garrafas sujas.